De origem
muito antiga foi ocupada pelos romanos e mais tarde no séc. VIII pelos árabes
que lhe deram o nome de "Mir Andul", que posteriormente derivou para
Miranda.
A sua
localização junto à fronteira conferiu-lhe o estatuto de importante ponto
estratégico de defesa, tendo o primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques no
séc. XII mandado construir o castelo e acerca de muralhas, que a transformou
numa verdadeira Praça de Armas.
No séc. XVI
foi elevada à categoria de cidade e de sede do Bispado de Trás-os-Montes,
entrando numa fase de prosperidade em que se construíram grandiosos edifícios,
como a Igreja de Santa Maria Maior que durante cerca de dois séculos teve a categoria
de Sé.
No séc. XVII
com as Guerras de Restauração da independência com Espanha, e mais tarde
durante as invasões francesas, a cidade sofreu muitos revezes e perdeu grande
parte da sua importância.
Miranda do
Douro é célebre pelo seu folclore colorido e animado - os Pauliteiros de
Miranda com o seu trajo típico de saias, executam a dança do pau acompanhada
pelo toque da gaita foles cuja origem remonta à ocupação celta da região, na
Idade do Ferro. Destaque ainda para o "mirandês", língua oficial portuguesa
que se fala nesta região e, na gastronomia, para a "Posta mirandesa",
confeccionada com a excelente carne dos bovinos criados nesta zona.
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Catedral de Miranda do Ouro |
A catedral de
Miranda do Douro foi mandada construir no séc. XVI por D. João III. As obras
tiveram início em 1552 com projeto de Gonçalo Torralva e Miguel de Arruda e
posterior execução de Francisco Velasquez. Concluída nos inícios do século
XVII, manteve o estatuto de sé episcopal até 1780, ano em que a sede da diocese
passou para Bragança (com a designação de Diocese de Bragança e Miranda),
passando este templo a ser designado por catedral ou simplesmente por Igreja
Matriz de Miranda do Douro.
De concepção
maneirista, este notável templo de três naves, possui uma fachada harmónica -
em que um corpo central é ladeado por duas poderosas torres -, e um interior em
três naves abobadadas à maneira gótica, com cruzaria de ogivas de nervuras
visíveis. O retábulo-mor é já uma obra seiscentista, terminada em 1614, e
deve-se ao trabalho de Gregório Fernández, mestre galego radicado em Valladolid
e responsável por uma oficina bastante ativa durante o período maneirista.
Igualmente digno de nota é o retábulo de Nosso Senhor da Piedade, em talha
barroca de boa qualidade, e o órgão do século XVIII, de igual modo profusamente
decorado com talha dourada.
Breve Resenha
Histórica
Miranda
do Douro, sede do concelho, está situada num espigão que domina a pique a
margem direita do rio Douro, no troço internacional que separa a província
Portuguesa de Trás-os-Montes da província espanhola de Castilla y León.
A Vila de Miranda surgiu com o Rei D. Dinis que existia sobre as arribas do Douro e era banhado pelos rios Douro e Fresno.
É aquando do Tratado de Alcanices – celebrado entre D. Dinis, rei de Portugal, e Fernando IV, de Leão e Castela, que temos de fazer a leitura histórica da fundação da Vila de Miranda em 18 de dezembro de 1286, elevando-a à categoria de vila e aumentando-lhe os privilégios antigos. Um dos privilégios deste foral era Miranda nunca sair da coroa.
A partir desta altura, Miranda torna-se progressivamente na mais importante das vilas cercadas de Trás-os-Montes.
Em 10 de Julho de 1545, D. João III eleva Miranda do Douro à categoria de cidade, passando a ser a primeira diocese de Trás-os-Montes (por bula do Papa Paulo III de 22 de Maio de 1545) que amputava a arquidiocese de Braga da maior parte do território transmontano.
Assim, Miranda ficou a ser a capital de Trás-os-Montes, sede do bispado, residência do bispo, cónegos e mais autoridades eclesiásticas bem como, militares e civis.
Em 1762, no contexto da Guerra dos sete anos, o exército de Carlos III invade Trás-os-Montes. O Paiol, com cerca de 500 barris de pólvora, foi atingido por um tiro de canhão, fazendo ir pelos ares as quatro torres do castelo e os bairros periféricos. Aproximadamente um terço da população da cidade – cerca de 400 pessoas – pereceram perante esta catástrofe, levando assim à ruína religiosa, demográfica e urbana de Miranda.
Quase dois anos depois, em 1764 D. Frei Aleixo Miranda Henriques (23º bispo) abandona Miranda, trocando-a por Bragança, que passava a ser outra sede episcopal definitiva e única a partir de 1680.
Duzentos anos depois, graças à construção das barragens de Picote e Miranda, o concelho assumiu-se como uma região em franco desenvolvimento e a cidade, mercê da perfeita harmonia entre o passado e o presente é, hoje, um verdadeiro museu vivo. A cidade vive de numerosos comércios (têxteis, calçado e ourivesaria) destinados aos vizinhos espanhóis, que atravessam a fronteira para fazer as suas compras.
Muralhas de Miranda do Douro |
Por isso, o concelho de Miranda do Douro é detentor de um vasto, diversificado e valioso património cultural e arquitetônico espalhado pelas suas freguesias, que continuam a preservar e divulgar parte da sua cultura por meio das suas peças manufaturadas como as Colchas feitas nos teares tradicionais, os tecidos de Saragoça e Buréis, os Bordados, Gaitas de Foles, Flautas, Castanholas e Rocas.
Para quem
vem de Salamanca, Zamora de carro Miranda do Douro é a primeira cidade
Portuguesa que faz fronteira com a Espanha, vale a pena uma visita.
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